Ouve-se o cantor de rua
na esquina, ao fundo da avenida, acompanhado da sua tralha sempre fiel. O chilrear dos pássaros é ensurdecedor como a chuva
que apregoa a chegar com os flashes
emitidos lá de cima que atormentam uns pobres diabos que ainda pela cidade deambulam. E é aqui que me encontro, nesta cidade cheia de nada e
vazia de tudo!
Desço então a rua
calcetada em direção a alguma coisa tão incerta como a vida. Não sei porquê, mas hoje parece-me mais distante,
talvez seja mera impressão minha, mas o certo é que algo está diferente. O ar
respira diferente, o som mudou, a paisagem cresceu. Esta cidade parece enorme demais para os habitantes que acolhe nela. Há as casas, as
árvores, as lojas, os jardins, os centros comerciais, os hospitais, e os
parques infantis. Mas falta algo: As Pessoas!
Onde se esconderam? Ou
será que andam aí, mas completamente vazias daquilo a que “chamamos” de consciência ou lá o que seja, aquilo que eventualmente fará delas
Pessoas. Estas pessoas estão ainda fechadas no armário ou caladas na voz da sua
razão! O que vemos por aí são apenas rótulos forçados aos quais lhes foram
impostas ideias de ontem! As pessoas de hoje andam confusas, e as de amanhã
ainda estão escondidas!
Sol após sol vejo tudo
igual, as portas continuam fechadas e bem trancadas, mal se ouve o respirar
entre as fechaduras, elas insistem em não sair, e ficar incumbidas no seu Mundo,
aquele que precisávamos de ver cá fora! Torna-se necessário de viver num espaço sem barreiras. Não é preciso derrubar nenhum muro com a força de um homem, este
muro é apenas um pensamento preconceituoso em relação ao diferente, e localiza-se simplesmente na cabeça dos vultos que por
aí vagueiam. Mas parece que o diferente ainda faz confusão a estas pessoas que tanto se gabam da inovação, do progresso, e de se encontrarem tão à frente no tempo, com mentalidades abertas e nada conservadoras. Pois é, acontece que tudo isto é dito da boca para fora apenas para servir aquilo a que, nesta sociedade se dá mais importância, ao estatuto social, e quando se fala em novas ideias, assiste-se a uma perfeita intolerância.
É então que ainda acredito que haja Pessoas nesta cidade, neste mundo em que vivemos e que não queremos apenas deixar a nossa passagem como figurantes, queremos de alguma forma, nem que seja apenas para uma pessoa, marcar a diferença, isso sim, já é um grande feito!
É então que ainda acredito que haja Pessoas nesta cidade, neste mundo em que vivemos e que não queremos apenas deixar a nossa passagem como figurantes, queremos de alguma forma, nem que seja apenas para uma pessoa, marcar a diferença, isso sim, já é um grande feito!
Hoje e sempre, irei viver
na tão esperada esperança que elas ganhem força para que mostrem que são mais do que
aquilo que pensam, para que mostrem ao Mundo afinal, o que é realmente ser
Pessoa e deixem a sua marca nesta efémera aventura que é a vida!
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